Foi um domingo inesquecível, né? Porque era um domingo de manhã, eu tinha escutado uma porta bater, achei que era o vento. E depois nós percebemos que a Julia estava caída no banheiro do quarto dela.
Eu percebi que ela pudesse ter tido um AVC, porque ela estava com a boca torta e não tinha comando do braço direito. A perna direita também não tinha mais o comando.
Na hora só me ocorreu assim: vamos para um hospital! Um hospital grande, próximo e que eu tinha a certeza de que teria condições de atender como um AVC mesmo. Mas é difícil de acreditar que uma moça tão jovem, de 21 anos, tenha um quadro como esse, e um quadro sério, bastante grave que ela teve.
A Julia estava com uma vida extremamente próspera, uma atleta muito dedicada, uma estudante muito dedicada.
A reabilitação foi extremamente importante para ela ir resgatando a memória do movimento aos poucos. Já no período de UTI, ela já tinha começado várias coisas. Ela teve que reaprender a deglutir e até mesmo respirar! Então eu lembro quando a Julia conseguiu engolir a primeira colherada, foi uma conquista extremamente importante.
Tinha a parte de Fonoaudiologia e a terapia ocupacional, que traz o dia a dia, a parte funcional. No hospital, ela não conseguia saber o que era uma escova de dentes. E a terapeuta ocupacional ensinou a escovar os dentes!
E uma das coisas muito incríveis foi o primeiro dia em que ela andou. Foi dentro do hospital e aquilo… eu vi o vídeo esses dias, eu ainda choro quando recordo este momento.
Hoje ela se tornou uma estudante de medicina e, como os outros alunos, faz provas e acompanha regularmente as matérias. Então, quanto ganho teve com o tempo!
Quando a Julia conseguiu construir a primeira frase completa, já foi uma grande emoção! E mais uma emoção foi quando ela fez a primeira prova completa. A faculdade determinou que teria que ser neurologia, que é uma das especialidades mais desafiadoras.
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Julia Guglielmi Moreira, paciente em reabilitação e médica, comenta:
O meu AVC não vai me impedir de ser médica!