O Acidente Vascular Cerebral, também conhecido pela sigla AVC ou ainda como derrame, é a segunda principal causa de morte e um dos mais importantes ocasionadores de incapacidade no mundo1. Ele acontece quando um vaso sanguíneo se rompe, causando hemorragia, ou quando o fluxo de sangue do cérebro é interrompido/reduzido, causando isquemia. Assim, há uma perda de oxigenação e circulação de nutrientes nas células, o que ocasiona a morte do tecido cerebral.

O AVC pode deixar sequelas motoras, cognitivas e até psicológicas, com graus de intensidade que se relacionam não apenas ao tipo da ocorrência (região e extensão da lesão cerebral), mas também ao tempo tanto para o recebimento de assistência inicial como para o começo da reabilitação.

Como identificar um AVC?²

Fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna, especialmente em um lado do corpo;

Boca "torta" e/ou face como um todo;

Confusão mental, alteração da linguagem (incluindo fala e compreensão);

Visão dupla ou embaçada, assim como diminuição ou perda da visão em um ou ambos os olhos;

Tontura ou alteração súbita do equilíbrio e coordenação;

Dor de cabeça súbita e forte, sem histórico de dor parecida antes.

#TempoÉmovimento

Ao reconhecer sintomas do AVC, chame o socorro imediatamente! Quanto antes o atendimento for prestado - entre quatro horas e meia e seis horas do início dos sintomas -, maiores são as chances de sobrevivência e recuperação das sequelas.

Porém, para prevenir outro episódio de AVC, também é muito importante fazer mudanças voltadas a um estilo de vida mais saudável!

Tive um AVC e agora?

No pós-AVC, tempo é sinônimo de movimento e reabilitar é ação!

Devido as sequelas, aproximadamente 70% das pessoas não retornam ao trabalho/atividades do dia a dia após um derrame. Além disso, 50% acabam ficando dependentes de cuidadores para realizar tarefas do dia a dia2.

A recuperação pós-AVC tem um protocolo definido mundialmente, mas deve ser direcionada de forma personalizada para cada caso. Independentemente do caso, segundo a American Stroke Association (Associação Americana de AVC), os tratamentos de reabilitação devem começar o mais rápido possível, ainda em fase hospitalar, tão logo o paciente esteja clinicamente estável3.

Cerca de 40% dos pacientes que sofreram AVC apresentarão algum tipo de espasticidade.

*Associação Brasil AVC

A espasticidade pós-AVC

Uma das sequelas mais comuns do acidente vascular cerebral, a espasticidade é caracterizada pelo aumento do tônus muscular ou contração muscular excessiva e incapacidade de controlar movimentos. Esses sintomas podem surgir até um ano após o episódio de AVC, especialmente se a pessoa acometida não for encaminhada para a reabilitação.

Por isso, é importante observar se alguma parte do corpo está mais endurecida, se há aumento de contrações involuntárias dos músculos e dor nos braços, mãos e/ou pernas que estejam dificultando a execução de atividades cotidianas.

Para alguns, a espasticidade pode ser uma leve rigidez muscular, enquanto, para outros, pode ser grave, resultando em dor ou espasmos. Quando há tensão e rigidez, o membro pode ficar “preso” em uma posição, trazendo dificuldade para o movimento – o punho pode se enrolar ou o braço ficar dobrado contra o peito, por exemplo.

Os efeitos da espasticidade incluem4:

  • Dedos, braços ou pernas rígidos;
  • Movimentos involuntários;
  • Contratura que pode causar dor ou desconforto;
  • Deformidade muscular e articular ao longo do tempo.

A avaliação e acompanhamento de um médico neurologista ou fisiatra é essencial para a identificação dos sintomas e condução do tratamento mais adequado, que será traçado de acordo com cada paciente e normalmente envolve uma abordagem multidisciplinar.

Quanto mais completa a equipe multidisciplinar e quanto mais aderente o paciente for ao seu tratamento, melhores serão os resultados.

Dentre as terapias de reabilitação, podem ser indicados5:

  • Medicamentos orais, que atuam como relaxantes do sistema nervoso central.
  • Injetáveis, que agem diretamente no bloqueio e relaxamento do nervo ou dos músculos.
  • Cirúrgico, que envolve procedimentos operatórios pela ortopedia ou neurocirurgia;
  • Especialidades multidisciplinares, que atuam em conjunto e definem as atividades necessárias para fazer com que a dor do(a) paciente diminua, devolvendo sua mobilidade, autonomia e qualidade de vida.

A reabilitação deve ser conduzida por uma equipe multiprofissional que vai além do fisiatra e neurologista, sendo composta por:

Fisioterapeutas

Responsáveis por atividades relacionadas à recuperação das funções de força, sensibilidade, flexibilidade e equilíbrio, bem como redução dos quadros de dor.

Terapeutas ocupacionais (TO)

Atuam na recuperação e/ou adaptação de habilidades perdidas, como coordenação motora e força, além de atividades para a melhora cognitiva.

Enfermeiros

Encarregados da monitoria do quadro geral do paciente, bem como da administração de alguns medicamentos e demais cuidados paramédicos.

Fonoaudiólogos

Trabalham as habilidades de linguagem e deglutição (engolir).

Psiquiatra e/ou psicólogo

Atuantes no suporte dos impactos emocionais causados pelas perdas e limitações físicas, que comumente levam a quadros de depressão e reabilitação cognitiva.

Todos devem estar focados na comunicação e coordenação interdisciplinar do tratamento.

Se não tratada, a espasticidade pode levar a:

  • Dor intensa;
  • Redução da autonomia;
  • Deformidade postural;
  • Diminuição da qualidade de vida;
  • Comprometimento funcional.

Uma vez que a evolução da espasticidade é constante, o tratamento, que deve ser contínuo, exige comprometimento e resiliência por parte do paciente e sua rede de apoio.

Reabilitar é ação!

Os programas de reabilitação estão voltados a tornar o paciente o mais independente possível. Por isso, atuam na recuperação/melhora de:

  • Atividades da vida diária, como comer, tomar banho e vestir-se;
  • Mobilidade e locomoção, como mover-se do sofá ou cama para a cadeira de rodas, caminhar e subir escadas;
  • Habilidades sociais para interação com outras pessoas;
  • Equilíbrio psicológico com melhor enfrentamento das limitações e possíveis quadros de depressão.

Conheça histórias de quem convive com a espasticidade.

Eu achava que ia ficar o resto da minha vida numa cama, chorava toda vez que alguém ia me visitar...
Com a reabilitação, aprendi que tenho uma vida toda pela frente, que eu consigo ter de volta os meus movimentos, que consigo voltar a andar. Eu espero ainda conseguir voltar a dirigir, ir à praia e fazer tudo que uma pessoa normal faz.
Clique aqui para conhecer Claudio Arantes
Paciente em reabilitação pós-AVC na Rede Lucy Monto.
Ela teve que reaprender a deglutir e até mesmo respirar! Hoje ela se tornou uma estudante de medicina e, como os outros alunos, faz provas e acompanha regularmente as matérias. Então, quanto ganho teve com o tempo!
Clique aqui para conhecer Angelica Guglielmi
Mãe da Julia, paciente em reabilitação pós-AVC e médica.

Materiais

Guia do Cuidador
Para que possamos cuidar bem do outro, precisamos cuidar bem da gente também. Por isso, é importante que o cuidador tenha uma rede de apoio, dentro e fora de casa, com recursos que possam facilitar o seu trabalho, otimizar o seu tempo e, principalmente, para que ele consiga dar conta de tudo e de si mesmo.
Acessar
AVC, reabilitar é preciso
Hoje (29/10) é o Dia Mundial do Combate ao AVC, e para te ajudar na identificação dos sintomas da doença e da importância da reabilitação, produzimos um vídeo especial e bem ilustrativo.
Reabilitação em pacientes pós-AVC
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) atinge principalmente adultos, e frequentemente deixa sequelas que afetam a autonomia e qualidade de vida dos acometidos, mas que podem ser revertidas ou atenuadas com o suporte de atividades de reabilitação multidisciplinar, saiba como neste vídeo.
Uma história de transformação pelo AVC
Enfrentar um AVC de grandes proporções e sequelas é um grande desafio. Mas em meio à dor também é possível encontrar novos propósitos que expandem o núcleo familiar, e é isso que aprendemos com a história deste episódio do nosso podcast.